As principais transformações se mostram na modificação do comportamento humano e nos relacionamentos entre as pessoas.
- Acessar telas virou uma nova rotina. Clicar e deslizar os dedos vai-se tornando em hábito que permeia todos os espaços do cotidiano.
- As formas de conversar e interagir perpassam pelas redes sociais e os aplicativos vão gradativamente ocupando o lugar do toque, do beijo, do abraço e do olho no olho.
- Acessar telas vai-se transformando num hábito de distração para o tédio e as frustrações. Apertar botões parece ser mais fácil do que processar e monitorar as emoções difíceis.
- Crianças e adolescentes utilizam dispositivos, videogames e a internet, em idades cada vez mais precoces, a cada momento e em qualquer lugar.
- Os pais da atual geração de crianças e adolescentes, também nativos digitais, nem sempre percebem as mudanças e suas influências para o desenvolvimento de seus filhos. Muitas vezes demonstram falta de bom senso devido a pouca informação adequada, ou até mesmo inexistente.
- Cenários e pessoas reais se tornam desinteressantes diante de cenários e pessoas virtuais. Esse fato contribui significativamente para o distanciamento entre os cônjuges.
- O enfraquecimento dos vínculos se estabelece na medida em que as relações se tornam cada vez mais objetais e descartáveis.
- A reunião familiar ocorre mais em torno do celular, do que em torno de uma mesa posta. Conectados, porém desconectados, juntos, porém separados, pelo comportamento de ausência produzido com o constante uso de tecnologia digital.
- Há um aumento do excesso de exterioridade. Uma sensação de que se existe somente pelo número de curtidas/likes/visualizações recebidas em alguma postagem em rede social ou canal.
- A “celebrização” dos filhos, que parte de um interesse por parte dos pais de ter um (a) filho (a) com fama, para dela usufruir, inclusive financeiramente.
- O aumento de ansiedades e depressões, podem também ter como base: (a) As restrições de sono devido a luz refletiva pelo visor, que reduz a produção do hormônio indutor do sono, a melatonina. A falta de produção da melatonina dificulta a condição de adormecer e favorece o aumento dos despertares noturnos na madrugada. A má qualidade do sono também interfere na solidificação das memórias e dos aprendizados obtidos ao longo do dia. (b) A intolerância ao que é entediante e frustrante. Esse aspecto fica evidente em crianças que utilizam tecnologia em excesso. Diante de exposição prolongada a jogos que dão pontos, por exemplo, ocorre liberação considerável de dopamina, que é um hormônio neurotransmissor cerebral do bem-estar. Nada de errado com a liberação desse hormônio. No entanto, a dificuldade se estabelece pelo fato de que não é liberada de forma tão intensa em outras ocasiões. Diante do que os cenários da vida real podem se tornar entediantes, incluindo a escola, os estudos, bem como a vida social e familiar.
Certamente há benefícios no uso das tecnologias digitais, mas se não houver informação adequada e bom senso quanto ao uso, é possível que os malefícios se sobreponham aos benefícios.
Além disso ainda tem as questões de segurança. A internet pode ser um vasto território de interatividade e de importantes aprendizados, no entanto, também pode ser uma terra sem lei, em que coabitam gente de bem com gente extremamente mal intencionada.